Junho é mês de Festa!

Com a chegada do mês de junho podemos observar que as preparações para as festas juninas se intensificam, várias representações folclóricas, festas, comidas típicas, assim como as comemorações religiosas aos santos do mês, Santo Antônio, São João e São Pedro. No Estado de Sergipe as tradições dos festejos juninos são vividas e revividas a cada ano em quase todos os municípios sergipanos, famílias comemoram nas suas casas, já na capital Aracaju, na Orla do Atalaia surge a Cidade do Forró e na praça do Mercado Público temos o Forró Caju, são vários shows e apresentações folclóricas nos dois locais. Para dar um passeio na Orla, você pode utilizar a Marinete do Forró, onde uma banda de forró anima os passageiros.


11 de julho de 2011

As Festas de São João: cultura popular e cultura erudita; o mode ser, agir e pensar de um povo ou de uma classe social


As festas juninas são uma das representações folclóricas que acontecem em todo país, porém é no nordeste que ganham maior expressividade. Em Sergipe é uma representação que abarca quase todos os municípios, onde alguns se destacam por determinadas particularidades, como o município de Estância, que em seus folguedos inclui o show de fogos do “Barco de Fogo”.

O São João é uma das festas populares mais comemoradas no nordeste e existe até uma disputa para ver qual é o maior São João do nordeste, entre eles está à festa de Caruaru em Pernambuco, a de Campina Grande na Paraíba e a de Aracaju em Sergipe.

Quadrilha Junina   Fonte: http://www.quadrilhasjuninas.com


Apesar desta popularidade toda, os festejos de São João nem sempre foram assim, iniciaram como comemorações tímidas na roça, onde o agricultor comemorava com sua família e vizinhos a colheita farta, caracterizando-se como uma festa do povo da roça. A festa de São João faz parte da cultura popular, que até alguns séculos atrás era marcada por um distanciamento da cultura erudita.
A cultura popular se relaciona com o “povo”, associado às classes sociais que ocupam o patamar mais baixo dentro da estratificação social; são modos de ser, de agir e pensar específicos de um povo, de uma comunidade, da zona rural, ou até de um bairro, que engloba os aspectos religiosos, artísticos, econômicos e das ciências populares; sempre em oposição a outra forma de expressividade como o erudito.


Uma das formas de linguagem que é utilizada para expressar a cultura popular é a oralidade, pois geralmente são camadas sociais analfabetas e que não tem como expressar sua cultura através da escrita, é nos cantos, nas trovas e músicas que encontramos sua essência.
O surgimento da noção de cultura popular ou folclore esta enraizado no Romantismo; uma corrente de pensamento filosófica, artística e literária que espraiou-se na Europa e  pela America, em meados do século XVIII; evidenciando o distanciamento dos modos de vida e de saberes da elite e do povo.  Um dos méritos do Romantismo foi estreitar esta distância, valorizando as diferenças e as particularidades em oposição ao ideal de uma razão intelectual universal proposto pelo Iluminismo.
A cultura erudita é representada pela camada social que ocupa a posição mais elevada dentro do estrato social, a elite. Esta domina várias formas de linguagem, a escrita e leitura, a música erudita, entre outros. 

Interior do Teatro Santa Izabel (Recife)
Fonte: http://acertodecontas.blog.br

Por possuírem acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao saber universitário das teorias e pensamento científico, ocupam geralmente o espaço urbano. É nas cidades que sua cultura é expressa como, por exemplo, as óperas, concertos musicais, teatros, peregrinações religiosas, etc. Um senhor rico não seria visto participando de uma festa do povo, pois esta não fazia parte de sua cultura.

Canto Lírico - Fonte: http://hardmusica.pt

Normalmente quando pensamos em cultura erudita acreditamos que seus produtores fazem parte de uma elite, porém isto não quer dizer que tal cultura seja homogênea, pois seus elementos culturais são produzidos por intelectuais, fazendeiros, industriais, empresários, burocratas, políticos, etc. e não podem ser homogeneizados, pois representam o modo de ser, de agir e pensar de cada uma destas categorias sociais é a visão de mundo de cada uma delas.
Pensar a cultura popular é mais complexo ainda e é impossível dar um caráter, pois são produções culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa e outros setores e sub-setores marginalizados da sociedade.
Outro ponto que podemos refletir sobre a cultura popular a oposição entre tradicional e moderno. O tradicional está associado a certos costumes que identificamos como positivos e que devem ser mantidos, como por exemplo, as relações sociais pessoalizadas e face-a-face; mecanismos de controle social de modo informal; formas de comunicação que privilegiam a oralidade e a restrição dos meios de comunicação de massa dentro do processo social.
Em contra partida nos deparamos com um moderno que imprime outras formas de relações sociais, principalmente após o advento das tecnologias de comunicação como o telefone convencional, celular e internet; a estatização dos mecanismos coercitivos de controle social; a indústria cultural e os meios de comunicação de massa imprimindo outro ritmo ao processo social; a aceleração da dinâmica e das transformações sociais; a globalização e as novas tecnologias de informação e comunicação proporcionando a quebra de tempo e espaço, entre outros, aproximando uma cultura de outra e nos possibilitando conhecê-las um pouco.
A preservação do tradicional e a adesão ao moderno possuem aspectos positivos e negativos, como por exemplo, um dos negativos ligados ao tradicional é o clientelismo e a patronagem incorporados na política e circulação monetária que perpassa pela dominação e hierarquias tradicionais. Já ligados ao moderno temos as relações sociais impessoais; a ampliação e intensificação da circulação monetária e a intensificação das formas de comunicação de massa.
O que precisamos na verdade é refletir sobre cada um dos aspectos antes de tomá-los como bom ou ruim, sendo que o mais importante é termos a capacidade de percebermos como isto influencia o nosso meio social e nossos modos de vida, ou ainda nossa forma de agir e pensar. Podemos conviver com o tradicional e o moderno, mas não podemos deixar de fazer uma reflexão crítica sobre as várias formas de representação do social.
Apesar de alguns teóricos culparem o atual sistema econômico de nossa sociedade, o capitalismo, pode-se perceber através de uma análise histórica que a dominação sempre esteve presente, seja do homem sobre a natureza, ou seja, do homem sobre o homem, mas não podemos deixar de ressaltar que o capitalismo acelerou esta dominação e aprisionou o homem em uma “jaula de ferro”.
 O distanciamento entre cultura popular e erudito diminuiu, podemos perceber isto nas festas juninas, pois a elite participa das festas juninas, e estas já não estão mais vinculadas somente ao rural e os arraiais ganharam as cidades, como podemos perceber nos dias atuais.
A cultura popular é conservadora na medida em que mantém suas tradições, mas ela é também inovadora, pois ela se adapta as transformações da sociedade e engloba em seu seio elementos totalmente modernos ou ainda elementos da cultura erudita lá na sua formação. Ela é o modo de  ver e entender o mundo a partir dos olhos do povo, e estes foram compondo sua cultura com elementos também da cultura erudita, um exemplo é a imitação das danças de salão européias, como por exemplo, a dança de Quadrilha, com origem nas danças de salão francesas, e que foi incorporada aos folguedos de São João no Brasil rural.
Desta forma podemos perceber que as festas juninas fazem parte de uma cultura regional, que em nosso país tem a expressividade maior na região do nordeste. Procurar analisar os elementos formadores desta cultura popular nos ajudará a compreender a dinâmica desta região do país, que expressa seu modo de ver o mundo de forma alegre e carismática, apesar das grandes dificuldades que encontram no seu cotidiano, no seu desenvolvimento econômico, na sua posição dentro das hierarquias regionais e principalmente a posição da maioria de seu povo, a de dominados dentro desta forma de organização social.



Referências bibliográficas:

LONDRES, Cecília. Cultura e saber do povo: uma perspectiva antropológica. Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n. 147, p. 69-78, Out./Dez. 2001.

TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000.

Um comentário:

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